Considerada como um desdobramento da literatura infantil, os livros infantojuvenis têm o propósito de alcançar leitores que já não se identificam com as letras em caixa alta e as ilustrações coloridíssimas dos livros infantis, mas também não possuem, em sua maioria, identificação e interesse para assimilar o conteúdo de romances e contos adultos — em partes pela sua extensão, mas também pelo distanciamento contextual presente nos temas abordados. No entanto, embora o intuito seja o de atingir os jovens leitores, engana-se quem pensa que os livros infantojuvenis não possuem importância e complexidade narrativa tanto quanto os demais gêneros.
No Brasil, além dos ilustres autores Paulo Venturelli e Ana Rapha Nunes, que farão parte deste InVerso Temático, se destacam nomes como Lygia Bojunga, Ruth Rocha e Pedro Bandeira — autores infantojuvenis que possuem livros com temáticas demasiadas importantes e profundas, como o luto, o abandono, os conflitos identitários oriundos da adolescência e diversos outros temas sociemocionais de igual importância.
Diante disso, se percebe que a relevância da produção e reconhecimento desse gênero está justamente na consciência de que literatura também é comunicação e de que assuntos que parecem ter sentido apenas quando torna-se adulto são igualmente importantes de serem discutidos com as crianças, uma vez que o objetivo desse gênero é promover um espaço em que o leitor consiga — através da liberdade e da imaginação — encontrar uma chave para a resolução de conflitos emocionais, que vão ficar mais claros com a maturidade, mas despontam na infância.
Dito isso, embora sejam obras muito variáveis em seus processos editoriais, os livros infantojuvenis possuem algumas características em comum, como a presença de ilustração, a divisão do texto em uma extensão menor e, principalmente, a forma de expressar os dilemas do mundo real por meio de uma linguagem acessível e interessante ao olhos do leitor.
Percebendo que entre as características acima não está a de que a literatura possui a função de ensinar, destaca-se que de fato não é um atributo de sua responsabilidade, da mesma forma, porém, os livros intrinsecamente transpõem valores e heranças culturais, assim como suscitam a representatividade e a reflexão histórica de quem os lê. Exemplos desse fenômeno são as narrativas que protagonizam personagens negras, mulheres e outros grupos deixados à margem, despertando nas crianças a noção de pertencimento, edificando uma imagem na qual elas podem orgulhar-se de si mesmas e, mais que isso, construindo uma identidade consciente por meio do pensamento crítico.
Por fim, conclui-se que a literatura infantojuvenil tem um papel fundamental na formação de um leitor e pode funcionar como um pontapé inicial no desenvolvimento da fruição artística e de valores humanos, além, é claro, de oferecer uma interpretação de mundo corajosa e adequada ao universo jovem!
Ainda, para engrandecer ainda mais este programa, teremos como convidados os leitores Cintia Marinho, do IG @cici_books, e ainda Marcelo da Cruz, do IG @laboratoriodainfancia, para contribuir com suas respectivas impressões pessoais sobre este nicho de livros, bem como sobre as obras "O navio e o grande segredo" e "Segredos de uma vida no museu".
Venha, participe conosco com seus cometários! Esperamos vocês!