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Dia Internacional do Orgulho Gay



O cápsulas de hoje é sobre o dia do orgulho LGBTQIA+, você sabe o que isso significa?

Embora possa parecer confuso, a sigla existe para dar visibilidade a esses grupos e saber seu significado é uma ferramenta importantíssima contra a intolerância.

Conceituada inicialmente como GLS, a sigla criada em 1994 significava gays, lésbicas e simpatizantes, mas logo foi alterada, visto que simpatizantes poderiam ser qualquer pessoa e isso tiraria o protagonismo da comunidade e do próprio intuito da sigla. Depois, passou para GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), e na medida em que outros aspectos a respeito de gênero e orientação foram descobertos e outros movimentos acontecendo, como a reivindicação de mulheres lésbicas por visibilidade dentro do próprio movimento, a sigla foi atualizando-se. Hoje, a denominação mais correta é LGBTQI+. As três primeiras letras representam questões de orientação sexual (lésbicas; gays e bissexuais); as últimas estão relacionadas a gênero (transexuais, travestis e transgêneros; queer e intersexuais; antigamente chamadas de hermafroditas) e o + representa outros grupos da comunidade, como os pansexuais, por exemplo.

Ainda que a busca por uma sigla tenha começado apenas em 1994, a luta a favor dos direitos LGBTQI+ começou muito antes. Hoje, 28 de junho, completam-se 51 anos da Rebelião de Stonewall.

No início da década de 1960, relações homossexuais eram proibidas no EUA. Assim, a vida dessas pessoas e forma com que elas se relacionavam era ainda mais cautelosa e invisível do que hoje. Um dos únicos lugares em que podiam frequentar e demonstrar sua existência, se tivessem sorte, eram os bares.

Stonewall Inn, espaço descolado de Nova Iorque, era propriedade de um grupo mafioso que mantinha negociações com a polícia, o que os mantinha longe e tornava o lugar um refúgio possível. Frequentado por pessoas mais pobres e marginalizadas da comunidade, em 28 de junho de 1964, no entanto, houve uma invasão policial no bar, o que acarretou em um conflito imediato e, nos dias que sucederam, em uma série de manifestações espontâneas e violentas de membros da comunidade LGBTQI+ a favor de seus direitos básicos.

Em um período de seis meses, duas organizações ativistas gays foram formadas em Nova Iorque, concentrando-se em táticas de confronto, e três jornais foram estabelecidos para promover os direitos para gays e lésbicas. No ano seguinte, as primeiras marchas do Orgulho Gay aconteceram, em comemoração ao aniversário dos motins. Hoje, as paradas LGBTQI+ são realizadas anualmente em todo o mundo para marcar as revoltas de Stonewall e lembrar o significado desse dia. No Brasil, a parada realizada em São Paulo em 2019, foi a maior do mundo!

Na arte, por sua vez, em 1980 teve início o movimento Queer Art, um movimento artístico não oficializado que ganhou força nos EUA e na Europa nesse período. As criações abordam, como se pode imaginar, questões relacionadas à homossexualidade, com ligações à arte erótica, à arte conceitual e à arte contextual.

Nos outros âmbitos artísticos, a conquista por um espaço visível continua a acontecer a cada dia. Na literatura, por exemplo, relações lésbicas já são exploradas há muito, embora seja feito pouco. São exemplos de mulheres que abordaram o tema em seus escritos a portuguesa Judith Teixeira, a americana Elizabeth Bishop e as brasileiras, Hilda Hilst e Ana Cristina César. Todas em algum momento, por conta de seus textos, foram hostilizadas, mas não deixaram de escrever. Hoje, além da possibilidade de se escrever mais sobre o tema, existem também espaços como o Clube Lesbos, que contribuem na disseminação de conhecimento e representação.

Toni Reis, formado em Letras e Doutor em Educação, é também diretor executivo do Grupo Dignidade, ONG curitibana que auxilia na promoção da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (LGBTI+). Quando procurado pela InVerso para nos dar sua opinião sobre arte e representatividade, esclarece que quando descobriu sua orientação sexual (gay), aos 14 anos, além de viver em uma cidade pequena e com poucas formas de informação, também não teve acesso a literatura. Na verdade, lembra-se de um dia em que encontrou a significação arcaica de “homossexualismo” no dicionário e sentiu-se mal, porque o que sentia não se parecia nada com uma doença. Posteriormente, identificou-se com personagens de televisão, e, na medida em que foi amadurecendo, assim como o mundo, conheceu outros tipos de arte em que se via representado. Seu exemplo de adolescência é um dos cenários em que pode-se perceber a importância da representatividade na literatura no desenvolvimento e compreensão de si mesmo, assim como a imprescindível necessidade de divulgar textos que confrontam o preconceito e a diminuição do ser.

Hoje, Toni tem uma visão otimista para o futuro, considera que a literatura tenha dado um passo grande em relação a visibilidade e quebra de estereótipos. Conclui de uma maneira muito sensível, em que diz perceber um mercado mais aberto para esse público e sentir-se feliz com isso, afinal “nós também fazemos parte da cultura”.

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