I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
O poema acima se chama "Lira Itabirana" e circulou bastante na internet nos últimos cinco anos, motivado principalmente pelo rompimento da barragem em Mariana/MG e recentemente, em Brumadinho/MG.
Por essa razão, talvez você já tenha visto algum trecho do poema em sua timeline! O que acontece é que, apesar de se encaixar perfeitamente no presente, o poema é de Carlos Drummond de Andrade, e foi publicado em 1984, na 58ª edição do jornal Cometa Itabirano. Informação datada que nos mostra que não é de hoje que o homem tem sido protagonista na destruição da natureza que o cerca.
O cápsulas literárias de hoje é TEMÁTICO e abordará a relação entre meio ambiente e literatura!
Relembrando o que já afirmamos em outras postagens do cápsulas, a literatura pode ser considerada um reflexo do homem em seu contexto histórico e social e, como consequência disso, não poderia deixar de registrar em suas linhas a degradação ambiental intensificada no último século, assim como seus impactos na vida cotidiana.
Junto com a agitação da vida moderna, a exploração da natureza é tema de alguns autores brasileiros há algum tempo, como Daniel Galera em "Meia Noite e Vinte", ou "Não Verás País Nenhum" de Ignácio de Loyola Brandão. Em nível mundial, a maioria das sagas distópicas popularmente conhecidas hoje, só são possíveis pelo ponto de partida que possuem: um mundo em que a natureza já foi totalmente destruída.
Aqui na InVerso os livros "Mariana" e "Sete Quedas, Sete Anões e Um Dragão" trazem o tema em questão como parte fundamental de seus enredos.
E você, já leu algum livro com essa temática? Conta pra gente!
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